Quem me conhece sabe da paixão que tenho pelas artes. Publicarei aqui sempre obras de artistas que adimiro, que fazem e estão fazendo parte da nossa história.
Gilvan José de Meira Lins Samico (Recife, 15 de junho de 1928) é um pintor, desenhista e gravurista brasileiro. Atualmente, reside e trabalha na cidade de Olinda, em Pernambuco. De poucas palavras, ele sempre se considerou uma pessoa introspectiva. "Hoje, falo mais do que devo", afirma Samico. Contrariando a fama de arredio, ele até brinca com o fato de ser considerado um dos maiores nomes vivos do seu ofício. “Fazer gravura não estava nos meus planos e costumo dizer que se não fosse por uma série de queros não seria hoje quem sou.” Os “queros” a que ele se refere foram as respostas afirmativas – e econômicas – dadas aos convites que lhe foram feitos na vida. “Quer estudar com fulano?” “Quero!” Os fulanos, no caso, eram Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi, dois gigantes da gravura brasileira. Ambos exerceram influência sobre as obras do início de carreira de Samico. Iniciando-se autodidaticamente como pintor, participou desde os primeiros tempos do Atelie Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, fundado em 1952. Atualmente é conhecido por suas meticulosas xilogravuras, inspiradas na tematica e estilo da gravura popular do nordeste do Brasil. Samico integra o Movimento Armorial criado por Ariano Suassuna.
Referindo-se a seus trabalhos, disse Ferreira Gullar: “ acordam em nós uma emoção atual e arcaica. Aflora, nelas e em nós, um significado antigo, que vem não apenas dos temas religiosos, como da matriz popular em que bebe sua linguagem formal, sua iconografia”. E Flávio de Aquino comentou: “As relações entre a arte de Samico e a realidade brasileira são fáceis de perceber. E o Nordeste que o inspira, o Nordeste visto através das gravuras que ilustramos cancioneiros populares, acrescido de expressão erudita e do fantástico, de uma imaginação poderosa e morbida que mescla caboclos, santos, monstros, diabos e estranhas aves de rapina”.
Em 1957, 58 e 60 obteve os prêmios no setor de gravura do SPMEP. Fez parte ainda do VII ao XVII SNAM (de 1958 a 68, recebeu prêmio de aquisição em 1960, certificado de isenção de júri em 1961 e prêmios de viagem ao país em 1962, e de viagem ao estrangeiro em 1968). Participou da V Bienal de Tóquio (1959), Bienal de Arte Litúrgica (Trieste, 1959), I e II bienais de Paris (1959 e 1961), I e II panorâmicas de Artes Plásticas de Pernambuco (Recife, 1959 e 1962), VI, VII e IX BSP (entre 1961 e 1967), XXXI Bienal de Veneza (1962 recebeu prêmio de arte liturgica), I Bienal Americana de Gravura (Santiago do Chile, 1963) e II SAMDF (1965), bem como das mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia 1963), Arte Atual da América e da Espanha (cidades da Europa, 1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de Sâo Paulo, 1967). Além de obras no MoMA de Nova Iorque.