Artigo Rio, que acontece de 7 a 11 de novembro na Cidade Nova, terá obras com preço máximo de R$ 17 mil
O curador Alexandre Murucci.
Obras de arte ao alcance da classe C. Essa é a proposta da Artigo Rio,
feira de arte contemporânea que terá a sua primeira edição em novembro,
no Centro de Convenções Sul América, na Cidade Nova. Criada pelo produtor
e curador carioca Alexandre Murucci, a feira pretende atrair 30
galerias cariocas com trabalhos até R$ 17 mil e alcançar um público que
geralmente não frequenta os corredores badalados das grandes feiras de
arte do país, como a ArtRio e a SP Arte.
—
O objetivo é atingir uma classe média que não tem um poder aquisitivo
tão grande para consumir arte, mas que sente vontade de começar uma
coleção, por exemplo — diz Murucci. — Quero que quem mora no Méier,
Tijuca, Duque de Caxias, se sinta à vontade em uma feira de arte
contemporânea. A democratização do acesso é o maior intuito da Artigo.
Vamos ter uma maior clareza nas informações e nos preços. Quem vier à
feira tem que ter certeza de que não há preços flutuantes: é tudo como
numa vitrine de shopping.
Preço médio de R$ 3 mil
De
acordo com ele, a Artigo, marcada para ocorrer de 7 a 11 de novembro,
tem o compromisso de expor 70% das obras à venda com preço médio entre
R$ 500 e R$ 3 mil, mesmo que se possa encontrar obras até 17 mil, o teto
da feira. O curador conta que quis criar o evento de olho em um nicho
de mercado que cresce exponencialmente, inspirado em feiras
internacionais com o mesmo perfil, como a Affordable Art Fair, que desde
1999 vende obras de arte a preços mais acessíveis em 15 cidades pelo
mundo, como Nova York, Londres, Roma, Cingapura, Cidade do México e
Estocolmo — onde vai acontecer a próxima edição, de 4 a 7 de outubro. O
modelo da Artigo se assemelha à feira paulistana Parte Arte
Contemporânea, este ano em sua segunda edição (de 17 a 21 de outubro),
em que os preços não passam de R$ 18 mil.
—
Existe uma demanda no mercado que não é apenas o alto consumo —
sublinha Murucci. — Enquanto isso, há um grande $úmero de artistas,
jovens ou em meio de carreira, com trabalhos de qualidade mais em conta
que muitas das obras meramente decorativas, fadadas a desvalorização, à
venda em lojas de decoração. Eu comprei Vik Muniz quando era barato e
apenas oito anos depois, vale 4.000% a mais do que paguei.
As
inscrições para a feira começam na próxima terça-feira e vão até o dia 8
de agosto, mas algumas galerias já se mostraram interessadas, como
Artur Fidalgo, Coleção de Arte, Cosmocopa e Múl.ti.plo:
—
É mais um acontecimento no Rio, o que só reforça a cidade e o mercado
de arte aqui — avalia Artur Fidalgo, dono da galeria que leva seu nome. —
Ainda não li os termos de participação, por isso ainda não posso
confirmar se vou entrar, mas a proposta é muito interessante. Os preços
mais baixos são um grande atrativo para quem está começando uma coleção.
Cristina Magalhães Pinto, da Múl.ti.plo, também se sentiu atraída e concorda com Fidalgo.
—
Ainda não li a application, mas acho que vale a pena. Quanto mais
eventos de arte por aqui, melhor — opina. — Gosto muito do Alexandre.
Ele tem feito propostas interes$para a arte na cidade.
Atualmente
curador da Galeria Vertical, no Solar de Botafogo, Murucci é
responsável por mostras como "Nova escultura brasileira" (2011), na
Caixa Cultural; e a coletiva "Panorama Terra", em cartaz no consulado
argentino, que reúne obras de nomes como Simone Michelin, Rosana Ricalde
e Bruno Miguel.
O curador afirma que os valores mais baixos das obras não interferem na qualidade:
—
Quero ter galerias com artistas valorizados no mercado, mas que ainda
não atingiram um preço tão alto. Muitas vezes, nas grandes feiras, não
vale a pena levar um artista iniciante porque o preço da obra não
pagaria os custos do galerista, por isso só levam pesos pesados.
Uma
das organizadoras da ArtRio, que acontece de 13 a 16 de setembro no
Píer Mauá, Brenda Valansi vê com bons olhos a iniciativa de Murucci:
— Não estava sabendo, mas achei ótimo! Quanto mais eventos de arte no Rio, melhor.
Murucci
diz ainda que quer negociar com o governo do Rio a mesma isenção de
ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que a ArtRio e a SP Art tiveram.