sábado, 4 de agosto de 2012

CARAVAGGIO E SEUS SEGUIDORES::EXPOSIÇÕES DO GRANDE MESTRE ITALIANO NA AMÉRICA DO SUL.


Baco - Caravaggio.

Fazendo parte do "Momento Itália Brasil" (2011-2012), a exposição Caravaggio e seus seguidores reúne um conjunto de 22 pinturas nunca antes vistas no Brasil, que já percorreu o estados de Minas Gerais e chegou em São Paulo no dia 02 de agosto com exposição no MASP, na avenida Paulista, seguindo para  Buenos Aires, a capital da Argentina.


                                               João Batista no deserto - Caravaggio.

Com 7 obras do grande mestre do Barroco italiano, Michelangelo Merisi, dito Caravaggio (1571-1610) ou obras atribuídas ao pintor, ao lado de 15 pinturas realizadas por seus seguidores, os chamados “caravaggescos”. Dentre os aprendizes, estão: Artemisia Gentileschi (1593-1653), Bartolomeo Cavarozzi (1587-1625), Giovanni Baglione (c. 1566-1643), Giovan Battista Caracciolo (1578-1635) dito Battistello, Hendrick van Somer (1615-1684-1685), Jusepe De Ribera (1591-1652), Leonello Spada (1576-1622), Mattia Preti (1613-1699), Orazio Borgianni (1574-1616), Orazio Gentileschi (1563-1639), Orazio Riminaldi (1593-1630), Simon Vouet (1590-1649), Tommaso Salini (1575-1625) e Valentin de Boulogne (1591-1632).

                                  Flagelo de Cristo - Caravaggio.

A idealização da exposição é de Rossella Vodret, diretora do Polo Museale em Roma, e tem curadoria do Prof. italiano Giorgio Leone e do crítico de arte e museólogo brasileiro Fábio Magalhães. A Base7 Projetos Culturais é responsável pela realização, coordenação e produção do evento.

Será uma das exposições com o maior número de obras de Caravaggio já realizada no continente das Américas. Imperdível!

                                  A morte da Virgem - Caravaggio.

Michelangelo Merisi da Caravaggio  nasceu em 29 de Setembro de 1571 em Milão, na época Ducado de Milano, e faleceu em em Porto Ercole, comuna de Monte Argentario, em 18 de Julho de 1610. Foi um pintor italiano atuante em Roma, Napoli, Malta e Sicília, entre 1593 e 1610. É normalmente identificado como um artista barroco, estilo do qual foi o primeiro grande representante. Caravaggio era o nome da aldeia natal da sua família, do qual adotou-o como seu nome artístico.

                                  A captura de Cristo - Caravaggio.

Caravaggio andou por anos de cidade em cidade servindo vários senhores importantes. Foi um trabalhador incansável, porém orgulhoso, teimoso e sempre disposto a participar em discussões e a envolver-se em brigas, o que se torna difícil conviver com ele". - Floris Claes van Dijk


Jantar em Emmaus - Caravaggio

Exceto em suas primeiras obras, Caravaggio pintou fundamentalmente temas religiosos. No entanto, foram várias as vezes em que as suas pinturas feriam as susceptibilidades dos seus clientes. Nos seus quadros, em vez de adoptar nas suas pinturas belas figuras etéreas, delicadas, para representar acontecimentos e personagens da Bíblia, preferia escolher por entre o povo, modelos humanos tais como prostitutas, crianças de ruas e mendigos, que posavam como personagens para as suas obras.

 Davide com a cabeça de Golias - Caravaggio - 1610.


Caravaggio, procurou a realidade palpável e concreta da representação. Utilizou como modelos, figuras humanas, sem qualquer receio de representar a feiura, a deformidade em cenas provocadoras, características essas que distingue as suas obras. Tudo isso chocou os seus contemporâneos, pela rudez das suas pinturas. Dos efeitos que Caravaggio dava aos quadros originou "Tenebrismo" , onde os tons terrosos contrastam com os fortes pontos de luz.

                                   Descanso na fuga para o Egito - Caravaggio.

Caravaggio era considerado enigmático, fascinante e perigoso. Nascido no Ducado de Milano, onde seu pai, Fermo Merisi, era administrador e arquiteto-decorador do marquês de Caravaggio, Michelangelo Merisi surgiu na cena artística romana em 1600 e, desde então, nunca lhe faltaram comissões ou patronos.


                                  Cesta de frutas - Caravaggio.

Porém ele lidou com seu sucesso de maneira atroz. Uma nota precocemente publicada sobre ele, em 1604, descrevia seu estilo de vida três anos antes: "após uma quinzena de trabalho, ele irá vagar por um mês ou dois com uma espada a seu lado e um servo o seguindo, de um salão de baile para outro, sempre pronto para se envolver em alguma luta ou discussão, de tal maneira que é bastante torpe acompanhá-lo." (Floris Claes van Dijk; Roma, 1601)

Considerado um farrista inconseqüente, ele vivia com problemas com a polícia, sem dinheiro e buscava brigas nos pulgueiros da cidade. Em 1606, matou um jovem durante uma briga e foge de Roma, com a cabeça a prêmio. Passou por Napoli, depois por Malta e pela Sicília, onde pintou telas de lirismo transfigurado, como: A ressurreição de Lázaro (Messina), na qual, sob o pavor de um imenso espaço vazio, um raio de luz rasante parece imobilizar o drama sagrado.

Em Malta em 1608, envolveu-se em outra briga, e mais outra em Napoli em 1609, possivelmente um atentado premeditado contra a sua vida devido suas ações, por inimigos nunca identificados. No ano seguinte, após uma carreira de pouco mais do que uma década, Caravaggio estava morto, aos 38 anos.

                                   Medusa morta - Caravaggio.

Usando como modelos a imagem de pessoas comuns das ruas de Roma para retratar Maria e os apóstolos. A sua inspiração estava entre comerciantes, prostitutas, marinheiros, todo o tipo de pessoas que não eram de nobre estirpe e que tivessem grande expressão, como as suas obras retratam. Talvez tenha sido um dos primeiros artistas a saber conciliar a arte com o mitológico "ministério de Jesus", que, segundo a lenda, aconteceu exatamente entre pescadores, lavradores e prostitutas.

O artista levou este princípio estético às últimas consequências, a ponto de ter sido acusado de usar o corpo de uma prostituta fisgada morta do rio Tibre para pintar A Morte da Virgem. Esta foi uma das duas mais importantes características das suas pinturas: retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo comum das ruas de Roma.

Em a "Flagelação de Cristo" compôs uma coreografia com contrastes de claro-escuro, onde Cristo se aprentava num movimento de total abandono, conseguindo uma composição de beleza carismática. Já em "São João Batista", demonstra um jovem de olhar provocador - julgava-se que esse modelo era um dos seus amantes.

Outra característica marcante foi a dimensão e impacto realista que ele deu aos seus quadros, ao usar um fundo sempre raso, obscuro, muitas vezes totalmente negro, e agrupar a cena em primeiro plano com focos intenso de luz sobre os detalhes, geralmente os rostos. Este uso de sombra e luz é marcante em seus quadros e atrai o observador para dentro da cena - como fica bem demonstrado em A Ceia em casa de Emmaus. Os efeitos de iluminação que Caravaggio criou receberam um nome específico: tenebrismo.

Na obra "David com a cabeça de Golias", uma cabeça decapitada, onde ele mesmo é o Golias, um sanguinário grotesco, um monstro. Na decapitação de João Batista, o mal era representado por outra pessoa. Aqui, é Caravaggio quem personifica a maldade. Na espada de David, foi escrito Humilitas Occedit Superbiam ("A Humildade Conquista o Mundo"). Uma batalha que tem sido travada dentro da cabeça de Caravaggio, entre os dois lados opostos do pintor retratado nesta fascinante obra.

Os grandes mestres caminhavam para uma visão mais obscura e realista das escrituras sagradas, no fim do Renacimento, como se vê principalmente em A Conversão de São Paulo e no Martírio de São Pedro - afrescos de Michelangelo Buonarroti, realizados na Cappella Paolina, no Palácio Vaticano. Caravaggio pintou versões próprias desses temas - A conversão de São Paulo, a caminho de Damasco e Crucificação de São Pedro - que ilustram bem como foi capaz de igualar, senão de superar seus mestres.

                                  Leitora da fortuna - Caravaggio.

Caravaggio reagiu às convenções do maneirismo e opôs a elas uma pintura natural, direta, e até mesmo brutal, que pela sua franqueza renovou a natureza morta (Cesta de frutas - 1596), e as cenas profanas (Baco, 1593-1594), bem como os temas religiosos (Descanso durante fuga para o Egito, 1594-1596). Os contrastes de forma e luz sublinham formas maciças que, na maior parte de suas obras, emergem vigorosamente de um fundo negro ou escuro com pouca profundidade, como em tensos cotidianos como Leitora da fortuna.

Em 10 de novembro de 2006, um quadro do pintor, integrante da coleção da rainha Elizabeth II de Inglaterra foi autenticado depois de seis anos de análise técnica. Até então, fora considerado uma cópia.

Em 16 de junho de 2010, uma equipe de cientistas e universitários italianos do "Comitê Caravaggio" anunciou a identificação dos restos mortais do pintor, graças a análises de DNA e de carbono.

                                   Salomé com a cabeça de João Batista - Caravaggio.

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De 22 maio a 22 julho de 2012
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Terça a domingo das 11 às 18hs | quinta das 11 às 20hs

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