Quando dizem que São Paulo é a Nova York Brasileira
acho um tanto quanto condescendente. Uma cidade como esta transcende
comparações ao mesmo tempo em que as mesmas são inevitáveis. Trata-se de uma
metrópole cosmopolita com influência de vários povos que a fizeram, além do
impacto da fusão que a globalização trouxe. São Paulo, sem dúvida alguma tem
alma própria, mas com múltiplas personalidades. E é claro que isto é ótimo.
Falar da Oscar Freire, dos inúmeros shoppings centers
que lotam a cidade com todas as grandes marcas do mundo, do número de
decolagem-dia de helicópteros, dos jatinhos executivos de luxo e das lojas de
carro importados da Av. Europa/Colômbia, seria redundante. Hoje resolvi
escrever sobre o luxo que é sair destas rotas, superlotadas e espalhadas pela
cidade, e ter o prazer de descobrir cada esquina de uma rua calma, arborizada e
charmosa dos Jardins. Adoro redescobrir, de enxergar o que muitas vezes está
ali, debaixo dos nossos olhos.
Final do mês passado fui a São Paulo rapidinho,
dois dias apenas, para ver detalhes da vinda da banda Scorpions ao Brasil (depois
falo disso com calma), e tive o prazer de me hospedar na casa de dois amigos
queridos nos Jardins. Como sou rápida, resolvi tudo em
uma manhã, e o resto do tempo tirei para sair pelo bairro. Estava hospedada na
Rua da Consolação perto da Alameda Tietê. E foi lá que descobri que o bom gosto
está a cada quadra. O melhor de tudo é que fazemos tudo a pé sem aquela loucura
e agitação de uma grande cidade. Um charme.
La Vie en Douce |
Mesmo achando condescendente comparar São Paulo com
qualquer outra metrópole, do hemisfério norte, me peguei várias vezes fazendo
estas comparações. Impossível não fazer. Um
luxo poder descer do prédio e encontrar o La Vie en Douce, de Carole Crema,
esquina da Tietê com a Consolação. Os doces de caramelo de macadâmia envolto em
chocolate e o bolo chifon é um absurdo. Outra especialidade, os cupcakes em
versões de mirtilo, brigadeiro crocante, banana e baunilha com limão são umas
perdições. O expresso, com um copinho de água com gás, traz de quebra um bolo
de fubá em tamanho mini.
Despois deste crime à minha silhueta resolvi andar,
e com cinco passos, sentido Bela Cintra, me deparo com o Gabinete D do mesmo
lado da calçada. Como estava incógnita na cidade, não tinha ligado para os meus
queridíssimos Wair e Eduardo, que fazem o quarteto junto com Ernesto Mancino e
José Maonel Maia. Do lado de fora já se percebe o bom gosto e sofisticação. Os
toldos cinza chumbo, a porta em estilo francês, forjada em ferro especialmente para
a loja, e a vitrine impecável fazem você pensar que por algum milagre você foi
transportada para Nova York ou Paris – é, eu sei, acabei de ser condescendente
com São Paulo, mas é isso mesmo, o que posso fazer se foi isso que senti.
Gabinete D |
Wair de Paula passou os últimos 15 anos viajando o mundo
inteiro em pesquisa de campo para desenvolvimento de produto da Artefacto. Hoje
dono da sua própria loja, imprime o seu tom. Mistura
estilos, matérias, épocas, tecidos e arte de uma forma tão harmoniosa e elegante
que parece estarmos em um dos cantinhos de uma de suas coberturas onde mora com Eduardo - ele e Eduardo Machado dividem o seu tempo entre São Paulo e Recife, onde são franqueados da Artefacto.
O Gabinete D tem clima de casa, personalidade, e este é o diferencial, nada setorizado, tudo junto e misturado com equilíbrio e sofisticação. Este ‘setting’ nos dar aquele prazer de garimpar, de descobrir a cada ‘corner’ da loja uma peça, um objeto, uma obra de arte que queremos levar para a nossa casa.
O Gabinete D tem clima de casa, personalidade, e este é o diferencial, nada setorizado, tudo junto e misturado com equilíbrio e sofisticação. Este ‘setting’ nos dar aquele prazer de garimpar, de descobrir a cada ‘corner’ da loja uma peça, um objeto, uma obra de arte que queremos levar para a nossa casa.
Gabinete D | Foto grande de Thomas Baccaro e Mural de fotos vintage |
Gabinete D | Fotografia de Patricia Kaufmann, vitrine com vidros e arte africana |
Gabinete D | Bronze do Benim (Africa Ocidental), mesa francesa e tecido africano |
Gabinete D | Murano Branco com pó de ouro |
Gabinete D | Cerâmica inglêsa |
Fiquei tão louca na loja que esqueci a minha
caminhada pela Tietê e já era um pouco tarde quando saí. Continuei andando
sentido à Rua Augusta, passei pelo Grand Cru (adega), na esquina com a
Bela Cintra. Mais adiante, do lado esquerdo tem o Koi, que ia muito há anos (parece que o da Tietê virou delivery). Ao
chegar à esquina da Haddock Lobo, vejo do lado direito o Paris 6 Café, em
frente à Pizzaria Margherita, nunca tinha ido e recomendo. Um charme. Parede com
parede, já na Haddock Lobo, com o bistrô de mesmo nome, que voltei no outro dia
para almoçar. Decoração carregada na Paris do final da Belle Époque
aparentemente parece over, mas tudo termina se harmonizando. Preços ótimos e
comida que lhe deixam a certeza da volta. Eles têm uma promoção, almço apenas, para os seus
seguidores do Facebook (não era, mas saquei meu iPhone e fiquei na hora), R$ 29,00
de segunda a sexta, com entrada do dia, prato executivo e sobremesa. R$ 39,00
no fim de semana. Uma loucura. Todos os pratos homenageiam um artista. Pedi o Camarão
à Bruno Gagliasso. Compõe-se de um trio de crustáceos grandes na companhia de
um arroz à provençal manteiga, cogumelo-de-paris e tomate picado. Pedida
perfeita.
Paris 6 |
No dia anterior, quando comecei a minha caminhada
pela Tietê, dia que fui ao Gabinete D jantei no Le Vin, já perto da Augusta. Este ano fez dez
anos naquele endereço. Em frente tem o Le Vin Boulangerie. Não pude deixar de
ser condescendente com a cidade mais uma vez, comparei sim, afinal é isso mesmo
que pessoas viajadas fazem, comparam com o melhor. No jantar fui comedida e
básica, pedi uma Salade Le Vin e um Boeuf Bourguignon. C'était parfait, Bravo
au chef!
Le Vin |
Voltando a pé para casa dos meus amigos, resolvemos
esticar para mais um drinque no Balcão, bar antigo e como o nome sugere, tem o
setting todo formado por um balcão espiral. Um clima bem madrilenho - é isso
mesmo, comparei mais uma vez. Fica na Tietê esquina com a Melo Alves.
Balcão | Bar e restaurante |
Tutto Italiano, Bar & Cucina |
Vi na
esquina oposta um restaurante que pareceu ser ótimo, não resisti e fui conhecer
- Tutto Italiano Bar e Cucina. Mas não havia condição de comer mais nada,
apenas provei um drinque no bar, uma versão do milanês negroni sbagliato, que leva
um mix dos aperitivos campari e aperol mais vermute tinto e prosecco. Dormi nesta
noite como um anjo.
SERVIÇO:
Alameda Tietê, 496
São Paulo, SP | Fone: +55-11-3294.0847
La Vie en Douce
Rua da Consolação, 3161 (esquina com a Al. Tietê)
São Paulo, SP | Fone: +55-11-3088.7172
Paris 6
Rua Haddock Lobo, 1240 (esquina com a Al. Tietê)
São Paulo, SP | Fone: +55-11-3085.1595
Koi Tietê
Koi Tietê
Alameda Tietê, 360
São Paulo, SP | Fone: +55-11-3083.4848
São Paulo, SP | Fone: +55-11-3083.4848
Pizzaria Margherita
Alameda Tietê, 255
São Paulo, SP | Fone: +55-11-2714.3000
Grand Cru (Adega)
Rua Bela Cintra, 1799 (esquina coma Al. Tietê)
São paulo, SP | +55-11-3062.6388
Le Vin
Le Vin
Alameda Tietê, 184
São Paulo, SP | Fone: +55-11-3081.3924
Balcão
Balcão
Rua Dr. Melo Alves, 150 (esquina com a Al. Tietê)
São Paulo, SP | Fone: +55-11=3063.6091
Tutto Italiano, Bar & Cicina
Rua Dr. Melo Alves, 191 (esquina com a Al. Tietê)
São Paulo, SP | Fone: +55-11-3061.9639