terça-feira, 27 de novembro de 2012

MUSEU JANETE COSTA :: INAUGURAÇÃO EM 15/12 :: NITEROI-RIO DE JANEIRO-BRASIL.

                                      Janete Costa.

Inauguração do Museu Janete Costa de Arte Popular

Data: Sábado, 15 de Dezembro às 19:00h
Local: Rua Presidente Domiciano, 178/182 - Ingá - Niterói - Rio de Janeiro.


 Fachada do belíssimo casarão onde é o Museu Janete Costa de Arte Popular, nesta foto ainda em obras.

Nascida em Garanhus - Pernambuco em 3 de junho de 1932 janete Costa diplomou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Rio de Janeiro, em 1961 desenvolveu uma carreira marcada por importantes projetos de arquitetura, design expositivo e de produtos. Uma de suas maiores contribuições se dá na divulgação da arte popular e do artesanato brasileiro. Desde cedo, manifestou preocupação com os artistas populares e com a sua inserção no mercado de trabalho. O ideal de Janete Costa foi o de fazer com que a arte, a arquitetura e o design, no Brasil expressassem as identidades culturais locais. Com ação decisiva na valorização da arte popular brasileira e dos artistas, visando a inclusão social e a geração de renda através de seus projetos. Considerava essa integração, como ela mesma falou “...uma questão de brasilidade” ao mesmo tempo em que dava um lugar de destaque aos trabalhos de artesãos e artistas populares. 


Janete trabalhou com arquitetura residencial, edifícios públicos, cinemas, auditórios e teatros; hotéis, prédios comerciais, restaurantes e lojas. Nos últimos anos, dedicou-se ao projeto de hotéis, sendo um dos mais importantes o Pergamon, na cidade de São Paulo. Membro da Design Hotels of the World, o Pergamon se destaca, no que diz respeito a renovar o conceito de hospedagem, no século 21. É o primeiro endereço, no país a estar dentro da modalidade Chic&Cheap. Janete Costa é autora de cerca de 50 endereços em todo o Brasil e, acreditava que o hotel devia funcionar como agente de mudança e canal de informação cultural. Através das idéias implementadas pela arquiteta surgem espaços inteligentes, modernos e minuciosamente detalhados. A arte está presente nos interiores do hotel, aproximando os hóspedes dos trabalhos de Alexandre Nóbrega, Aprígio, Eduardo Frota e Emanoel de Araújo entreoutros. Os móveis foram produzidos por marceneiros e artesãos brasileiros. O restaurante possui uma biblioteca, ao fundo. Nas prateleiras edições raras e coleções de livros de arte ao lado de grandes obras da literatura mundial. Os projetos de Janete Costa preenchem todos os requisitos da hotelaria internacional, porém resultam em espaços com personalidade e expressão cultural.
O design de produtos resultou da sua atuação em projetos de Interiores. Ela desenhava da cadeira à luminária, o castiçal e a colcha, levando em conta os mais variados materiais como a madeira, o metal, o vidro, o mármore e as fibras naturais. E, a execução desses projetos, na maioria das vezes ficava a cargo das cooperativas de trabalhadores e comunidades. Criou uma escola a qual muitos arquitetos e designers de interiores se sentem vinculados, principalmente no Nordeste. A “escola Janete” unia a cultura popular e erudita que eram absorvidas igualmente por todos. 



A forma encontrada por Janete Costa de valorizar a arte popular brasileira e o artesanato, e dar a arquitetura aquilo se convencionou chamar de função social. Pesquisadora da arte popular por 40 anos e uma das maiores conhecedoras do artesanato brasileiro, a arquiteta sempre procurou incorporar peças produzidas, artesanalmente em seus projetos. Considerava que “...o artesanato aquece e embeleza os ambientes, não se trata apenas de alternativa barata” dizia Janete. Através da curadoria e montagem de exposições, no Brasil e no exterior procurou divulgar a arte popular, os artista e artesãos brasileiros. Entre as exposições organizadas por ela podemos citar: Artesanato como um caminho, Fiesp/Ciesp, São Paulo, 1985; Viva o povo brasileiro, Museu de Arte Moderna – MAM, Rio de Janeiro, 1992; Arte popular brasileira, Riocult, Rio de Janeiro, 1995; Pernambuco – Arte Popular e Artesanato, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, 2001; Arte Popular Brasileira e Arte Popular dos Estados, Carreu du Temple, Paris, 2005; Que Chita Bacana, Sesc Belenzinho, São Paulo, 2005; Somos – Criação Popular Brasileira, Santander Cultural, Porto Alegre, 2006, Do Tamanho do Brasil, Sesc Avenida Paulista, São Paulo, 2007. Os textos que acompanhavam as exposições como a realizada no Rio Design Barra, no Rio de Janeiro e que se intitulou Pernambuco – Arte Popular e Artesanato, em 2001 explicavam que o artesanato de utensílios domésticos no Nordeste é consumido pela própria comunidade local e por pessoas da mesma classe social, cujo poder aquisitivo não lhes dá condições de acesso a produtos industrializados. Hoje, este setor ocupa 60 milhões de pessoas das regiões Norte e Nordeste do país que trabalham produzindo de forma rudimentar, enfrentando dificuldades técnicas e de comercialização.
O artesanato na opinião de Janete Costa precisa sair dos limites regionais e atingir um preço que assegure ao artesão uma melhor qualidade de vida, necessitando este trabalho de assistência técnica e a organização através de cooperativas. Janete defendia ainda um projeto de desenvolvimento técnico onde o artesanato tradicional pudesse evoluir, sem perder as suas raízes. Como disse Adélia Borges, na despedida da amiga: “...apaixonada pelo que fazia e pelas pessoas, Janete Costa foi uma grande brasileira.”


Tive o prazer de conhecer Janete em sua casa em Olinda e reencontrá-la e m Roma, eu chegando de um casamento em Casablanca no Marrocos, e ela de uma exposição na qual foi curadora no Líbano. Ficamos no mesmo hotel no centro de Roma, perto da Embaixada do Brasil e ela como sempre esfuziante! Estavam Roberta, Acácio e duas amigas de Fortaleza, Edir Rolim - que fiz amizade, e que saudades! - e Maise. Janete me ofereceu um livro no qual dedicou: "Querida Betania, a vida é a arte do encontro. Janete." 

Fotos: Divulgação.