Queridos amigos e amigas:
Estamos na iminência de rededicar os murais "Guerra e Paz" à sede da ONU, em Nova York.
A cerimônia-show acontecerá na próxima 3a feira, às 19hs., no grande Plenário da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Fomos recentemente informados da honrosa presença do Secretário-Geral da ONU, Ban-Ki-Moon, e também da mensagem enviada por Sua Santidade o Papa Francisco para ser lida durante o evento.
É com imensa alegria que o Projeto Portinari, a EXPOMUS, e todas as equipes que conosco trabalharam no Projeto Guerra e Paz compartilham com vocês deste momento culminante de um sonho cuja concretização teve início em 2007, por ocasião do aniversário de 50 anos da instalação do monumental díptico oferecido pelo Brasil à ONU (United Nations - Organizzazione delle Nazioni Unite), e que levou os murais Guerra e Paz à centenas de milhares de brasileiros no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Belo Horizonte, além de serem apresentados no Salão de Honra do Grand Palais em Paris
Se algum de vocês estiver em Nova York nesta data, será para nós um grande prazer tê-los conosco neste momento de grande emoção.
João Candido Portinari.
Guerra e Paz são dois painéis de, aproximadamente, 14 x 10 m cada um produzidos pelo pintor brasileiro Candido Portinari, entre 1952 e 1956. Os painéis foram encomendados pelo governo
brasileiro para presentear a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, mas antes de partirem em 1956, foram expostos numa cerimônia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que contou com a presença do então Presidente Juscelino Kubitschek.
Os primeiros estudos para a obra surgiram em 1952, quando Portinari realizava uma outra encomenda feita pelo Banco da Bahia com a temática de retratar a chegada da família real portuguesa à Bahia. Com o auxílio de Enrico Bianco e de Maria Luiza Leão, os painéis Guerra e Paz foram pintados a óleo sobre madeira compensada naval. Enquanto um é uma representação da guerra, o outro representa a paz. Por seu trabalho com os painéis, Portinari foi agraciado em 1956 com o prêmio concedido pela Solomon Guggenheim Foundation de Nova York.
Naquela ocasião, o crítico de arte Mario Barata publicou a seguinte nota no Diário de Notícias:
Nunca na arte moderna do mundo inteiro, um pintor viu as suas obras substituírem-se aos acordes de Wagner e Verdi, à fantasia dos ballets de Chopin, à majestade das orquestras sinfônicas. Pela primeira vez no século XX, o maior teatro de uma cidade transforma-se em templo da pintura — Mario Barata.
Cinquenta e quatro anos depois em dezembro de 2010, os painéis deixaram a sede da ONU e retornaram ao Brasil para uma restauração que ocorreu no Palácio Gustavo Capanema de fevereiro à maio de 2011 em ateliê aberto ao público. Graças aos esforços do Projeto Portinari, do Governo Federal através do Ministério da Cultura e do Itamaraty, de instituições internacionais e de empresas estatais e privadas, a obra foi exposta no Brasil e no exterior até agosto de 2013, enquanto a sede da ONU passou por uma grande reforma.
No retorno ao Brasil, contou com uma exibição franca que foi de 22 de dezembro de 2010 até 6 de janeiro de 2011, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A exposição foi visitada por mais de 40 mil pessoas. Do Rio, os painéis seguiram para São Paulo (Memorial da América Latina) e após um itinerário que passou pelo Grand Palais em Paris, pelo Memorial da Paz de Hiroshima no Japão, pelo Auditório Municipal de Oslo na Noruega onde ficaram expostos durante a entrega do Prêmio Nobel da Paz, e pelo Museu de Arte Moderna de Nova York.
O artista
Cândido Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903 no interior do Estado de São Paulo. Viveu sua infância na pequena cidade de Brodowski e, aos 15 anos, saiu de sua terra natal para o Rio de Janeiro. Sem curso primário completo, tornou-se um dos mais famosos pintores das Américas.
Em 1962, aos 58 anos, morreu e deixou um legado de mais de cinco mil trabalhos, como murais, afrescos, painéis, pinturas, desenhos e gravuras. As obras representam uma ampla síntese crítica de todos os aspectos da vida brasileira de seu tempo.
Durante o período de criação dos painéis Guerra e Paz, Portinari foi proibido de pintar pelos médicos, na tentativa de frear o processo de contaminação pelas tintas. Na tarefa, o artista teve o auxílio dos pintores Enrico Bianco e Rosalina Leão.
Segundo Bianco, não há um centímetro quadrado nos painéis que não tenha a pincelada de Portinari, que usou pincéis pequenos, para quadros de cavalete. Em nove meses, completou os monumentais paredões de 14 metros de altura e 10 metros de largura.
Candido Portinari pintando os murais
O diretor do grandioso Projeto Portinari é seu filho João Candido Portinari.
Plenário da Assembléia das Nações Unidas
Sede da Organização das Nações Unidas em Nova York.
Após passar por restauração e exposição itinerante, os painéis voltaram à sede da ONU e serão reinaugurados. A cerimônia, que deve incluir intervenções artísticas em pontos conhecidos de Nova York e ações de comunicação digital, contará com a presença do ministro da Cultura, Juca Ferreira, e de João Candido Portinari.
O diretor do Projeto Portinari explicou que, cinquenta anos após a instalação dos painéis na ONU, em 2007, a sede passou por uma ampla reforma que permitiu a volta dos painéis, ainda que provisoriamente, ao Brasil. Graças ao projeto Portinari, que contou com apoio do Ministério da Cultura, a obra foi restaurada e exibida em diversas capitais brasileiras e no Grand Palais, em Paris, na França.
Em dezembro, a obra retornou a Nova York e está, desde então, coberta por um véu, aguardando a reinauguração oficial neste ano. "Esse momento da volta de Guerra e Paz é emblemático e histórico. Os painéis são considerados como dois embaixadores da missão da ONU. Materializam em arte a sua missão", afirma. "Acho importante que o brasil valorize esse momento e faça algo inesquecível, que toque novamente o coração dos brasileiros", avalia João Candido Portinari.
O diretor citou um dos traços mais marcantes da obra de seu pai: o comprometimento com o ser humano. "Foi um dos primeiros artistas a denunciar as injustiças sociais e travou luta grande na pintura, militância e política em prol da paz e fraternidade. Sempre manteve esse comprometimento", lembra. "Quando pintou Guerra e Paz não podia pintar por que sofria intoxicação pelas tintas, mas continuou porque sabia que seria uma oportunidade e uma forma de passar sua mensagem ética."
Fonte: Ministério da Cultura e Wikipedia.
Fotos: Divulgação.